Quero me agarrar ao mundo com unhas e dentes
E sentir toda a força que emana dessa gente:
Gente que vive fora do mundo,
Sempre ébrias e lunáticas
Perambulando pelos cantos do mundo.
Garrafa na mão, baseado aceso,
Narinas carcomidas pela cocaína,
Mente corroída pelos vícios malditos.
- Tenha piedade deles, oh Deus Bendito!

Quero me agarrar ao mundo com unhas e dentes
E sentir toda a força que emana dessa gente:
Gente que sobrevive no mundo,
Crianças sem lar da Candelária
Chacinadas pela P. M., sem piedade.
Assalariados e aposentados dessa terra
Que esperam pelo ganho justo, sem miséria.
Mendigos da Praça da Sé,
Desprezados pela elite da sociedade.
- Ajudai, oh Pai, esse povo que em Ti tem fé!

Quero me agarrar ao mundo com unhas e dentes
E sentir toda a força que emana dessa gente:
Gente que vive no mundo
Com a mente cheia de preocupações
Com o seu trabalho e suas obrigações,
E por muitas vezes, deliberadamente,
“Passando de largo” e não vendo o que acontece no mundo,
Cega para a vida ao seu redor,
Desinteressada pelos problemas da sociedade,
Não se importando com a sorte dos seus semelhantes.
- Daí a luz a essa gente, oh Senhor!

Quero me agarrar ao mundo com unhas e dentes
E sentir toda a força que emana dessa gente:
Que vive fora do mundo;
Que sobrevive no mundo;
Que vive no mundo.
- Dá-me compreensão, oh Deus Onisciente!

(Escrito 17/11/1993)