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Aguinaldo Cabral
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Covid-19 e a Reinvenção do Comunismo
         ŽIŽEK, Slavoj. Pandemia: Covid-19 e a Reinvenção do Comunismo. São Paulo, SP. Editora Boitempo, 1ª ed. 2020, 133 pg.

         Slavoj Žižek¹ ², (1949) é um filósofo esloveno e teórico cultural cujas obras abordam temas como filosofia continental, teoria política, estudos culturais, psicanálise, crítica de cinema, marxismo, hegelianismo e teologia.

         Žižek possui doutorado em filosofia (Ph. D) e é pesquisador e professor desde 1979. Também estudou psicanálise na Universidade de Paris VIII, recebendo um segundo doutorado (1985). Leciona no Instituto de Sociologia e Filosofia da Universidade de Ljubljana, capital da Eslovênia, é diretor internacional da Birkbeck, Universidade de Londres, e desde o início da década de 1990 atuou como professor visitante em várias universidades na Europa e nos Estados Unidos.

         O livro que ora apresentamos foi escrito no início da crise da Covid-19 e rapidamente publicado em um esforço para fornecer ao público uma reflexão filosófica sobre as oportunidades e desafios do novo flagelo da humanidade e as respostas sociais, políticas e tecnológicas que foram organizadas para enfrentar o pânico que o acompanhou.

         Com o advento da pandemia da Covid-19 veio, também, o bloqueio social e a mudança total em direção a novas práticas de trabalho, comunicação e vida, em geral. E essas mudanças, apesar de ter causado transtornos e sofrimentos para uma grande gama da sociedade mundial, permitiu muitos estudiosos refletissem sobre a situação. E Slavoj Žižek foi um desses pensadores.

         Žižek é muito duro na sua análise quanto as tomadas de decisões de diversos governantes no combate à pandemia. Faz duras críticas aos abusos de poder e autoridade, que se seguiu a restrição das liberdades dos cidadãos, chegando a questionar se os dados levantados não estão manchados por ideologias. Em seu exame, pondera a grande obsessão pelo Corona Vírus e a total amnésia de outros males e doenças, tanto ou mais infecciosas.

         O autor não exime a China de culpa, com sua política totalitária que restringe a liberdade de expressão, promove desaparecimentos de cidadãos que são considerados ameaça ao Estado, tendo apenas como canal de comunicação à população a mídia oficial estatal e notícias digitais repletas de boatos.

         Em sua obra, Slavoj Žižek aponta que a pandemia oferece uma nova (velha?) reflexão para uma sociedade alternativa, fora do deus Estado, que foi ovacionado pelo ex-presidente Lula quando agradeceu à natureza pela criação do vírus³. Com essa abordagem o autor reflete sobre a importância da 'Reinvenção do Comunismo'; uma sociedade nos moldes utópicos, conforme os sonhadores marxistas, de solidariedade e cooperação globais, ou seja, o socialismo como ideologia seria substituído pelo globalismo, advindo, assim, uma nova ordem mundial⁴. Nesse molde, podemos entender a frase da atriz Jane Fonda⁵, que atribuiu a Deus o presente maravilhoso que ele deu à esquerda, a Covid-19 - o sonho continua, companheiro.

         Todavia, entendemos que tal 'sonho' é inalcançável, mesmo que seja imposto por um governo global e totalitário, pois a humanidade, além der ser tentada por sentimentos egoístas, preza por sua liberdade individual de ser ou não solidário, de trabalhar ou não pelo bem comum; temos visto mais aqueles (solidários, à esquerda ou à direita) do que estes - é a Graça Comum (Mt 5:44-45; At 14:16-17; et al.; cf. Lucas 6:35-36) que é derramada por Deus no coração de todos os homens.

         Como a maioria dos autores marxistas,, Žižek, em boa parte do seu texto, utiliza-se de ambiguidade; é dissimulado, sabe jogar com as palavras e mexer com as emoções, ele brinca com as entrelinhas; diz sem querer dizer já dizendo, para depois, talvez, dizer que não era exatamente o que queria dizer, ou, você que entendeu errado caso interprete acertivamente o que ele desdisse (confuso, não é?).

         Mesmo fazendo, sucintamente, objeções quanto às informações da pandemia, Žižek reconhece a gravidade da situação e seus possíveis resultados, o qual ele denominou de "crise tripla": a crise médica, a crise econômica e a crise de saúde mental.

         Talvez a mensagem mais importante que Žižek nos deixa em seu livro, a que todos nós concordamos, é pensar a vida (a nossa é a do outro) como o bem mais precioso que alguém possa ter; tendo tudo em comum (Atos 2:44-45), mesmo diante de uma situação nada comum. Todavia, é preciso acreditar, não numa sociedade totalitária que priva as pessoas de suas liberdades individuais, mas nas pessoas livres, corretamente motivadas para transformar a sociedade em que vivem num mundo melhor. Pessoas que saibam que não possuem nenhum tesouro neste mundo (Lucas 12:13-34) que seja mais valoroso que a vida.

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¹https://www.britannica.com/biography/Slavoj-Zizek
²https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Slavoj_%C5%BDi%C5%BEek
³https://youtu.be/R3hNhc96rbg
⁴https://diariodopoder.com.br/opiniao/chegou-o-comunavirus
⁵https://youtu.be/jp3VPg0HF9c
Aguinaldo Cabral
Enviado por Aguinaldo Cabral em 16/07/2021
Alterado em 30/01/2023
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