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Aguinaldo Cabral
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Textos

Serviço à Igreja

          No dia 25/09/2005, ganhei de presente da minha esposa um livro sobre liderança. Lembro-me de tê-lo lido, mas, confesso, não recordava seu conteúdo. Para mim, isso é algo natural, considerando meu acentuado déficit de atenção, que frequentemente me faz esquecer boa parte do que já li.

          Recentemente, o coordenador do grupo de células da comunidade eclesiástica à qual sirvo sugeriu que todos os líderes lessem esse livro para, posteriormente, discutirmos os temas abordados. O título da obra é “Liderança Corajosa”, de Bill Hybels (Editora Vida, 2002). Hoje, 22/01/2025, comecei a (re) lê-lo no horário de almoço no meu trabalho, e já no início fui profundamente impactado por um trecho que me inspirou a escrever a frase que você leu na imagem acima. A mensagem tocou tão fundo no meu coração que, se eu interrompesse a leitura ali mesmo, já teria valido a pena, tamanha a riqueza de reflexão que ela proporcionou.

          O trecho em questão está no capítulo 1, “A Participação da Liderança”, na seção “O Potencial da Igreja” (páginas 22 e 23). Ele me levou a refletir sobre minha própria postura como líder e membro de uma comunidade eclesiástica. Será que minha vida na igreja tem de ser limitada apenas à participação nos cultos? Meu serviço à Igreja de Cristo deve ser restrito às atividades práticas realizadas no templo?

          A resposta é enfaticamente: não! O serviço a Cristo e à Sua Igreja vai além do espaço físico do templo. Há a necessidade de uma compreensão mais ampla e profunda sobre o que é ser Igreja, porque envolve relacionamento, apoio mútuo e demonstração do amor de Cristo no cotidiano (Jo 13:34,35). A Igreja não é apenas um lugar físico ou um conjunto de rituais, mas um corpo vivo formado por pessoas que devem refletir os valores e o amor de Cristo no mundo e, principalmente, na comunidade de irmãos (Mt 5:14-16; Rm 12:10; 15:1; Gl 6:2). Esse reflexo tem de ser especialmente evidente nas células ou pequenos grupos, onde a proximidade entre os membros é muito maior do que nos grandes encontros no templo.

          No trecho de “Liderança Corajosa”, Bill Hybels exemplifica essa ideia de proximidade e cuidado mútuo (leia aos Filipenses cap. 2) ao narrar a história do casal que enfrentava uma situação devastadora com sua filha Emily. A essência do verdadeiro serviço à Igreja de Cristo foi revelada na forma como o pequeno grupo (célula) daquela comunidade de fé se mobilizou para apoiar o casal. Aquele grupo não apenas orava por eles, mas também agia (Tg 2:14-17; cf. Lc 10:25-37) de forma concreta, oferecendo apoio emocional, físico e espiritual. Ele demonstrou o que significa ser “Igreja”: viver como uma família espiritual que compartilha as cargas e celebra as alegrias uns dos outros. Todos no pequeno grupo (célula) souberam que haveria complicações na gravidez, ou seja, houve uma comunicação (com a liderança talvez?) sobre a situação do casal. Estiveram presentes na casa do casal, no hospital no momento do nascimento de Emily e até mesmo na assimilação da grave condição de saúde da criança. Eles se dedicaram de maneira concreta: limpavam a casa, preparavam refeições, oravam constantemente e mantinham contato frequente, ligando várias vezes ao dia. Demonstraram tanto zelo que começaram a ajudar o casal a planejar o funeral da criança, diante do diagnóstico irreversível.

          Essa história mostra claramente que a Igreja de Cristo não é apenas um espaço físico ou uma instituição, mas uma comunidade viva que manifesta o Evangelho por meio de um amor prático e sacrificial. Minha intenção ao escrever a frase inicial foi justamente desafiar a nossa visão limitada do serviço à Igreja e trazer o exemplo do livro de Hybels para ilustrar como esse serviço pode ser vivenciado de forma significativa e transformadora na vida da Igreja como comunidade terapêutica.

Aguinaldo Cabral
Enviado por Aguinaldo Cabral em 22/01/2025
Alterado em 22/01/2025
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